segunda-feira, 19 de maio de 2008

NÃO SE EMBURREÇA (texto publicado em minha coluna do Itanews)

Pensei muito a respeito de um assunto que tem dominado as conversas em nossa Cidade nesta semana. Havia tomado uma decisão de não me manifestar sobre o assunto, mas os últimos acontecimentos sobre o fato fizeram-me mudar de opinião.
Não dá para calar!
Um semanário de nossa Pedra Chata, em uma determinada coluna que vive de mandar recadinhos infelizes, deixou claro o despreparo e o destempero da(s) pessoa(s) por ela responsável(eis). Uma coluna que se digna pelo anonimato, como se isso evitasse a responsabilização das pessoas.
Diz a Lei de imprensa que, em casos de anonimato, respondem as pessoas relacionadas em suas páginas. Nesse caso, o jornalista responsável, o editor-chefe, o chefe de redação, o(s) proprietário(s)- aqueles nomes que constam no contrato social, sem prejuízo do que é público e notório, ou seja, aquelas pessoas que apesar de não terem seu nome como sócio, se intitulam legítimos proprietários -respondem pelo conteúdo publicado.
O tom da nota publicada, para infelicidade do(s) autor(es) vai além, pois configura-se como uma clara ameaça dirigida á não se sabe quem. Pior, a ameaça não se dirige a uma pessoa, mas á toda uma coletividade que venha preencher os requisitos constantes no “recadinho”.
Assim, se você tem menos de 1,70 mts, ou seja, é “baixinho” segundo a nota, têm filhos e milita politicamente, pode se considerar enquadrado na ameaça explícita de que seu filho pode ser alvo de “um míssil vindo do nada e...puft...eis um canudo caído no chão”.
A nota publicada incorre logo de cara em dois crimes, ameaça (art. 147 do CP) e preconceito (Lei 7.716/89, art. 20, §§ 2º e 3º), sem prejuízo das infrações cometidas perante a Lei de Imprensa e do Código de Ética do Jornalista e seus respectivos processos.
É inadmissível que um veículo de comunicação se preste a isso.
Remonta, tal nota, aos velhos tempos da “imprensa marrom” em tempos de ditadura, dando a impressão de que voltamos aos tempos dos “coronéis”, coisa que há muito pensávamos ter findado em nossa região.
Por outro lado, perante a sociedade, a nota infeliz trás mais danos ao(s) autor(es) do que para aqueles que se sentiram atingidos, ou seja, qualquer pessoa que se enquadre nos requisitos já citados. A notinha teve o dom de derrubar o castelo de cartas criado por pessoas, pasmem, ligadas a atual administração municipal. Pessoas muito próximas ao prefeito e, que por mais que tentem evitar, respinga na figura do homem público.
Versões poderão até surgir por parte dos autores, mas em momento algum tais explicações terão o condão de reparar os crimes cometidos e, em se tratando de crime, as providências a esse respeito já estão sendo devidamente tomadas.
Não se brinca de fazer jornalismo. Jornalismo deve ser feito levando-se em consideração a Lei de Imprensa e o Código de Ética profissional. Qualquer matéria a ser publicada, seja ela de autoria própria ou de terceiros, deve antes ser investigada. Denegrir a imagem de quem quer que seja através dos meios de comunicação, sem provas consistentes, é crime, bastando lembrar os processos contra meios de comunicação e contra o Estado, no famoso caso da “Escola de Base”. Boatos, lendas, fofocas e mentiras, não podem fazer parte de um jornalismo sério e, nós, enquanto sociedade, devemos repudiar tais veículos de informação.
Se a intenção era obter uma reação de quem quer que fosse, conseguiram.
Este escriba se enquadra nos requisitos constantes na malfadada nota, mas não é por esse motivo que apresento minha indignação. Minha indignação é por todas as pessoas que possam terem se sentido atingidas. Minha indignação é, ainda maior, pelo tom de ameaça à um filho, bem maior de um homem. Minha indignação é para comigo mesmo, que um dia colaborei para com esse semanário. Sinto-me envergonhado pelo momento atual desse veículo de comunicação que, nasceu para ser sério, mas que, inflamado por uma disputa política, perdeu-se em uma batalha sem vencedores e pior, passou a servir de mensageiro de pessoas que nunca dantes sonharam escrever publicamente.
Um jornal pode ser uma arma, mas que, como todas as armas, podem servir para atingir e ferir alguém. Infelizmente, para o(s) autor(es) e para os responsáveis, o tiro saiu pela culatra manchando a imprensa, que é livre, mas não pode se prestar a tal serviço, ofendendo o leitor (que pode ser um “baixinho” com filhos) e respingando na imagem do comandante em chefe de Pedra Chata.
Meu querido leitor, não vá perder seu tempo lendo coisas que só servem para emburrecer. Procure ler revistas e jornais que acrescentem algo ao seu saber, que aprimorem seu conhecimento e, principalmente, sejam sérios.

Takeyuti Ykeuti Filho.

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