Vivemos atualmente uma crise e, não se trata da crise mundial. Vivemos uma crise ética / moral que se, por um lado, desencoraja alguns, por outro, acelera o processo degenerativo de uma classe já não muito bem vista pelos cidadãos: a classe política.
Passamos então a buscar os responsáveis por essa crise. Achamos mais fácil procurar ao longe, na figura despudorada de um ou outro cidadão eleito e, passamos a generalizar sem atentarmos aos verdadeiros responsáveis por tal situação: nós mesmos.
Infelizmente somos um povo que gosta de levar vantagem em tudo. Fazemos de tudo para “levar vantagem em tudo” e, de preferência, sem muito esforço. Assim nos sujeitamos a certas coisas que, em um lugar mais sério, seriam consideradas abomináveis e, conseqüentemente, execradas pela opinião pública, trazendo reflexos negativos aos executores de determinados atos.
Mas, vivemos em um país onde a aceitação deste tipo de atitude é considerada comum pelos próprios cidadãos capazes de afirmar publicamente que se tivessem a possibilidade de ocupar a posição daquele, fariam a mesma coisa.
Dizem que todos nós temos um preço e que o problema se resume em discutir as cifras. Alguns se valorizam mais, outros menos e, assim vamos aceitando, engolindo certas coisas. Passamos a não ter posição firme, passamos a ser objeto de negócios. No mundo político essa situação se amplia de tal forma que, aquele que era ontem, não é mais no dia de hoje. Aquele que combatia, que fazia parte da resistência, hoje se une ao, outrora, adversário.
O preço?
Ahhh, isso foi discutido a portas fechadas, mas basta observar o futuro para se ter idéia do “quantum”.
Aliás, em tempos de crise, seja ela ética / moral, seja econômico – financeira, o que vemos são pessoas querendo vencer, não pelo esforço pessoal, por seu desempenho ou por sua qualidade, mas sim pelo relacionamento com o poder, por ser amigo do rei, pelo apadrinhamento, criando dessa forma um novo nicho de felizardos que não passam de aproveitadores de plantão.
Esse tipo de atitude faz bem ao bolso e ao ego de algumas pessoas. Ocupar uma posição de destaque, no entanto, tem suas desvantagens e efeitos colaterais do exercício do poder, sendo o principal deles, aquele que expõe o verdadeiro caráter das pessoas.
Vivemos em um lugar onde ser educado é ser cafona, onde ser honesto é ser trouxa, onde respeitar as leis é coisa de otário. Vivemos em um lugar onde, apesar de todas as suas riquezas naturais, pessoas ainda passam fome. E pior, se contentam com as migalhas e esmolas dadas por pessoas que, ao assumirem o poder, consomem um copo de vinho que custa os olhos da cara e, ainda por cima, enviam a conta para esses mesmos cidadãos habituados em receberem migalhas.
Vivemos em um lugar onde a força produtiva é penalizada para manter a mordomia dos detentores do poder. É triste ver pessoas enriquecendo sem mover uma palha sequer para gerar um emprego, alimentar uma pessoa. É triste viver em um lugar onde, ainda, se explora uma criança, onde pessoas morrem nas filas dos hospitais, nossos jovens não têm ensino de qualidade e, muito menos, futuro.
É triste perceber que o futuro de uma geração inteira é nebuloso, como em um dia cinzento de inverno e, é mais triste ainda ter a certeza que a culpa de tudo isso é nossa, pois não fomos capazes de discernir o bom do ruim, separar o joio do trigo, permitindo e, continuando a permitir, que pessoas inescrupulosas ditem os rumos de nossas vidas.
É passada a hora de pensar nisso, pois se quisermos que este lugar se transforme em um lugar melhor para nossos filhos e, para as gerações que estão por vir, precisamos nos reinventar, renovar e renascer com outra mentalidade.
Você tem sêde do que? Você tem fome do que?
Eu tenho sede de honestidade, eu tenho fome de decência!
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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