INOCÊNCIA PERDIDA!

Não sei se algum de vocês já visitou a Casa Transitória de Itapeva.
Para aqueles que não sabem o que é essa casa vou tentar explicar. É o local para onde as crianças que, por irresponsabilidade dos pais, são enviadas. São crianças que sofreram abusos, maltratos ou, cujos país encontram-se cumprindo pena imposta pela justiça e não têm parentes que desejem, ou queiram, sua guarda.
São crianças bem cuidadas e tratadas pelos profissionais responsáveis, mas quem os visita tem a nítida impressão de que falta algo em seus semblantes.
Por mais carinho que recebam dos competentes profissionais, ainda assim, algo existe de sombrio em seus rostinhos infantis.
Após alguns momentos ali fica nítida a falta do amor incondicional dos pais. São crianças que demonstram claramente a falta que sentem das figuras paternas e, o mais difícil para eles é conseguirem entender o porque de não poderem ser iguais as outras crianças que os visitam vez por outra.
Essas crianças são símbolos do descaso paterno e das autoridades. Todos aguardam ansiosamente pela avaliação judicial que decidirá seus futuros: ou voltam para os pais, ou serão encaminhadas para a adoção.
Porém, o tempo vai passando e eles permanecendo naquele abrigo. Vão crescendo e vendo a esperança de um dia poderem fazer parte de uma verdadeira família irem se esvaindo pela morosidade das decisões sobre seu destino.
A tristeza, a falta de vida é patente naquelas faces infantis. Não há brilho, não há vida, não há alegria, não há luz.
Infelizmente, ver aquelas crianças e ver seu futuro dúbio corta o coração de qualquer pessoa, por mais dura que esta seja. Não há como não ter os olhos marejados ao ver um filho nosso brincando com elas e, na sua inocência infantil, vê-lo convidá-las para ir brincar lá em casa. Dói demais ver o brilho nos olhos dessas crianças quando de um convite desses, pois sabemos que serão apagados de forma abrupta pela consciência de que é algo impossível para elas nesse atual estágio de suas vidas.
Resta então, a esperança por dias melhores, mas dias que não demorem tanto, para que não tenhamos que, em prantos, vermos mais uma vez, a inocência ser perdida.